Autogestão e Liderança

(*) Por Rogério Gonçalves (Instagram: @rogergoncalves.coach) – A autogestão pode ser definida como um modelo de administração na qual as pessoas de uma empresa assumem um papel decisivo dentro do negócio. Nessa modalidade, elas passam a contar com mais autonomia, o que eleva a participação dessas pessoas nas tomadas de decisão. Isso não significa, necessariamente, que todos os colaboradores comecem a ter papel de liderança: a diferença é que a empresa passa a contar com pessoas mais capacitadas e cientes do que deve ser feito, elevando a produtividade geral.
A autogestão se tornou ainda mais importante na economia brasileira em tempos de pandemia, uma vez que muitas empresas adotaram o home office para manter suas atividades o que exige um senso de autonomia por parte desses colaboradores. Assim, nem sempre os gestores podem supervisionar o trabalho das pessoas como antes. Essa modalidade ajuda a estabelecer uma divisão mais democrática dos trabalhos a serem desenvolvidos. Na autogestão, cabe aos próprios colaboradores tarefas como:

divisão das equipes;
determinação de prazos;
cumprimento das normas;
encaminhamento das demandas.

A autogestão resulta em menos cobrança em relação à produtividade, uma vez que as próprias pessoas compreendem melhor a importância do trabalho de cada um. Desse modo, não é preciso que a empresa adote supervisores que tenham a única responsabilidade de cobrar resultados. Por isso, podemos dizer que a autogestão leva a colaboradores mais conscientes e responsáveis.

Quais são os benefícios da autogestão?

A mudança na forma como lideramos será recompensada com benefícios claros em relação ao desempenho do time. Além disso, a autogestão contribui para o sucesso de indicadores importantes para gestão de pessoas. Logo, há bons motivos para adotá-la na sua empresa.

Ajuda na permanência de talentos

A autogestão contribui para os indicadores de desempenho ligados à satisfação e experiência do colaborador no trabalho. Assim, é uma das ferramentas para lidarmos com um turnover elevado ou melhorarmos o fator de permanência dos talentos, por exemplo.
Aumenta a produtividade do líder
Como a autonomia reduz a quantidade de tempo e esforço dedicado a cada tarefa individualmente, podemos ser ainda mais produtivos. Em vez de estar em cima do colaborador o tempo todo e ser um gargalo das decisões, o líder pode priorizar aspectos mais relevantes para o sucesso da equipe: motivar pessoas, comunicar-se com clareza, alinhar as atividades de diferentes projetos, buscar recursos para os desafios do time etc.

Engaja os colaboradores

Em relação aos liderados, a possibilidade de tomar decisões permite que cada pessoa enxergue o próprio papel na empresa. Igualmente, é uma maneira de valorizar o conhecimento e experiência que o profissional tem sobre suas atividades, em vez de se posicionar como “dono da razão”. Logo, há boas condições para engajar e motivar os colaboradores.

Fortalece as competências dos colaboradores

A primeira vantagem é empregar as competências dos talentos em prol dos objetivos da empresa com mais efetividade. Ora, quando recrutamos um profissional, buscamos conhecimentos, habilidades e atitudes consideradas chave para uma função ou mesmo para o negócio. Logo, do que adianta não dar espaço para que a pessoa aplique essas competências?

Melhora o clima organizacional

Além de tudo o que foi citado, a autonomia é uma das medidas para melhorar a experiência dos colaboradores na empresa. Em diversos casos, ela pode ser uma prática adotada caso os resultados da pesquisa de clima não estejam satisfatórios, e o ambiente de trabalho precise de melhorias.

Reduz a carga de trabalho

A autogestão pode ser uma maneira de recuperar o desempenho de líderes sobrecarregados. Ao minimizarmos nossa intervenção no trabalho dos colaboradores, podemos pegar mais projetos ou liderar mais pessoas simultaneamente. Afinal, como as atividades “caminham com as próprias pernas”, o peso das atribuições de liderança será menor para quem está à frente das equipes.

Responde rapidamente aos problemas

A autogestão também é uma medida para contar com equipes mais ágeis. Na prática, o líder deixa de ser o gargalo das decisões e torna-se o responsável por desbloquear o fluxo de trabalho. Além disso, os processos se tornam mais simples, pois as necessidades de autorização e aprovação são mais pontuais.

Cinco dicas infalíveis de autogestão e liderança

Deixo aqui 5 dicas práticas que procuro empregar cotidianamente:

Mantenha o sentimento de equipe – Na vida, muitas coisas funcionam como um pêndulo. Aumentar a capacidade de autogestão pode reduzir a visão de equipe. É papel do líder estimular o olhar para o todo, a troca constante e autêntica. Procure manter um fórum de descompressão onde as pessoas se sintam seguras e acolhidas ao compartilhar desafios. Uma boa comunicação interpessoal é imprescindível para o sucesso do modelo de autogestão.

Lidere – Independentemente do modelo de gestão adotado, um líder deve manter sua equipe motivada e funcional, garantindo a qualidade das entregas. Às vezes, isso significa dizer não, puxar o freio, realinhar expectativas, redistribuir tarefas e determinar o novo curso. Claro, empatia e transparência são fundamentais para fazê-lo com sucesso.

Delegar, não delegar – Entenda as capacidades técnicas de sua equipe. Delegar é importante. Receber um pedido de um colaborador que quer assumir uma tarefa diferente e ampliar suas capacidades é sensacional. Mas certifique-se de que cada indivíduo tem experiência ou apoio suficiente para realizar suas tarefas com qualidade.

Defina a regra do jogo – Procure determinar e deixar claro para cada colaborador o escopo de suas atividades, bem como as situações em que você espera ser acionado. A função do líder não é tomar todas as decisões, mas garantir o fluxo.

Confie – Respeite a diversidade e se mantenha aberto para ideias diferentes, ainda que este seja um desafio para você (especialmente se for um desafio). Ainda que sua vivência te permita indicar caminhos eficientes e seguros, deixe espaço para ideias dissonantes. Elas podem gerar resultados muito interessantes e grandes aprendizados.
Liderança é um conceito complexo e amplo que pode ser visto de diferentes formas. No entanto, a liderança como “atributo do indivíduo” é focada em relações de subordinação, e pode limitar a diversidade de opiniões e perspectivas. A autogestão, por outro lado, permite que todos tenham a oportunidade de liderar projetos ou iniciativas e de participar ativamente na construção do propósito da organização.
A liderança na autogestão é baseada na colaboração e na participação ativa de todos, e não apenas em uma pessoa ou posição. A liderança é um atributo fundamental da autogestão e não algo a ser demonizado. A Autogestão permite que todos os membros da organização tenham a oportunidade de desenvolver suas habilidades de liderança, ao invés de serem limitados a uma posição ou papel específico. Eu espero que essas palavras tenham ajudado a elucidar a importância da liderança para organizações autogeridas.
É impossível dissociar uma coisa da outra. Quando criticamos figuras de liderança nas organizações tradicionais, estamos sempre nos referindo à liderança como um atributo do indivíduo e não como um fenômeno social.

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