Projeto Reciclocidade doa triciclos para mulheres catadoras de recicláveis

Primeira entrega de equipamentos promovida pelo projeto socioambiental foi realizada em Heliópolis, beneficiando seis das 12 mulheres cadastradas.

Primeira entrega de equipamentos promovida pelo projeto socioambiental foi realizada em Heliópolis, beneficiando seis das 12 mulheres cadastradas.

O inédito projeto socioambiental Reciclocidade, idealizado por Denise Schalch, sócia da Schalch Sociedade de Advogados (SSA), para propiciar condições mais dignas de trabalho para as mulheres catadoras de recicláveis, por meio da doação de triciclos adaptados para a coleta de materiais, realizou a sua primeira entrega de equipamentos. Marcado pela emoção, o evento foi realizado no dia 17 de maio, na sede da UNAS (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região), principal parceira do projeto.

Na ocasião, data em que também se comemorou o Dia Mundial da Reciclagem, estabelecido pela ONU, três catadoras ganharam triciclos e outras três foram sorteadas para receberem o equipamento em um mês. O projeto ofereceu, ainda, equipamentos de proteção individual (camiseta, calçado, luvas e capacete). Uma das beneficiadas foi Albaniza Bezerra de Souza, 64 anos de idade e há 13 anos na profissão. Popular e bem-humorada, ela, que se autointitula “rainha da sucata”, estava feliz com o triciclo. “Será muito útil, vou fazer menos viagens”, disse.

Também recebeu um triciclo doado pelo Reciclocidade Francisca Ednalva Pereira da Silva, 43 anos, mãe de quatro filhos, dois adultos e dois bebês. Com uma rotina pesada de trabalho, que começa às 5h e, às vezes, termina às 23h, ela era obrigada a levar as pequenas crianças para a catação no período em que a creche de Heliópolis estava em reforma.

“Agora, com o triciclo tudo vai melhorar, vai transformar minha vida. Vou fazer mais viagens, transportar outras coisas e ganhar mais”

disse.


A terceira beneficiada foi Eliane Aparecida Nunes da Silva, que tem 30 anos e iniciou na atividade ainda criança, aos 4 anos de idade. “Estou muito contente, vou conseguir pegar mais materiais e será bem menos cansativo”, disse. Ela, que sequer tinha uma carroça, também ficou feliz pela existência de um projeto que beneficia as catadoras. “Somos da periferia e as pessoas nos veem com outros olhos. É bom ver que o Reciclocidade nos enxerga de outra forma”, disse.

Sonho realizado

Durante o evento, Denise Schalch se emocionou muitas vezes com a felicidade das catadoras beneficiadas e também com as histórias de lutas de todas, narradas por elas mesmas em vídeo produzido pela equipe de marketing da SSA.

“Hoje, é um dos dias mais felizes da minha vida, porque estou realizando um sonho”, disse. Ela, que teve a ideia do projeto ainda durante a pandemia, contou com a ajuda da consultora em ESG (Environmental, Social and Governance), Luciana Miliauskas Fernandes.

“Quando a Denise me falou do projeto, eu não sabia por onde começar. A UNAS foi fundamental e sem esse apoio não teríamos conseguido”, disse Luciana.

Segundo ela, mais do que melhorar a vida das catadoras, o triciclo tem o poder de mudar o olhar da sociedade sobre as trabalhadoras. “É uma visão diferente daquela de uma mulher puxando uma carroça. A ideia é chamar a atenção para a importância do trabalho das catadoras”, disse. A consultora destacou, ainda, a condição de proteção ao meio ambiente proporcionado pela reciclagem.

Segundo Denise Schalch, o Reciclocidade integra o projeto ESG da SSA, alinhando o escritório a 11 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU. Ela agradeceu o apoio da SSA, sobretudo da sua sócia e irmã Debora Schalch, que abraçou a causa e fez questão de patrocinar.

“Trata-se de uma causa muito importante para o escritório, que atua há 30 anos na área de Direito Securitário, sempre investiu em projetos sociais e tem esse olhar para o próximo”, disse Debora Schalch.

Mais dignidade e visibilidade

Invisíveis aos olhos da sociedade, as catadoras percorrem diariamente as ruas da capital para coletar recicláveis, puxando carroças em condições de trabalho insalubres e perigosas, com pouca ou nenhuma proteção. Elas disputam espaço nas ruas com os veículos e sofrem discriminação e preconceito. Estima-se que São Paulo concentre um terço dos mais de 800 mil trabalhadores que têm na catação o seu único meio de sustento, dos quais 70% são mulheres. Daí porque o foco do Reciclocidade são as mulheres.

Denise Schalch explica que o propósito do Reciclocidade é propiciar melhores condições de trabalho às mulheres catadoras de recicláveis por meio da substituição das precárias carroças e carrinhos por modernos triciclos.

“Além de tornar o trabalho das catadoras menos prejudicial à saúde, o triciclo pode trazer aumento de renda, redução da carga horária e, ainda, contribuir para melhorar a autoestima dessas trabalhadoras. Nosso objetivo também é dar mais visibilidade para essas mulheres perante a sociedade”

disse

Com o importante apoio do escritório SSA em sua fase inicial, o Reciclocidade quer expandir a atuação e ampliar o número de catadoras beneficiadas. O projeto ainda precisa de patrocínios para beneficiar outras seis mulheres que estão na fila de espera. Por isso, Denise Schalch ressalta que o principal objetivo do projeto é buscar patrocínios de empresas privadas para a doação de triciclos e de EPIs para todas as mulheres catadoras do estado de São Paulo.

“A ideia é conquistar apoios e formar uma corrente do bem para transformar a vida dessas mulheres guerreiras”

disse
Denise Schalch (ao microfone) ao lado de sua sócia Debora Shalch
Denise Schalch (ao microfone) ao lado de sua sócia Debora Shalch

Eliane Aparecida Nunes da Silva, com o seu Triciclo
Eliane Aparecida Nunes da Silva, com o seu Triciclo

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