No dia 20 de maio de 2025, a cidade de São Paulo foi palco do lançamento da nova sede da Mag Seguros, em comemoração aos 190 anos da companhia no Brasil. Um evento, que reuniu executivos, parceiros e membros da imprensa — todos prontos para celebrar a trajetória de quase dois séculos de uma das mais tradicionais seguradoras do país.
Mas, em meio aos discursos e fotos, algo chamou a nossa atenção.
Logo ao chegar, nossos olhos cruzaram com a presença marcante de Gê Coelho — mestre em filosofia, ativista político, fundador do Frente Favela Brasil e da Frente Nacional Antirracista. Em um ambiente majoritariamente branco e elitizado, Gê era uma das poucas presenças pretas no espaço. Assim como nós.



E essa ausência salta aos olhos. Como já bem pontuou Ivanildo J.M. Sousa em seu texto “Só vi negro no espelho”, publicado em 4 de setembro de 2022, a ausência de corpos pretos nos espaços de decisão do mercado de seguros brasileiro, onde 55,5% da população brasileira se declarou preta ou parda, não é acaso. É um sintoma.
O setor fala muito sobre diversidade, gosta de termos como ESG, inclusão e transformação. Porém, na prática, ainda falha em abrir espaço para pessoas pretas e periféricas e para histórias que nascem longe dos grandes centros financeiros.
Foi entre um painel e outro que tivemos a sorte de conversar com Gê. E dele ouvimos sobre um projeto que já está virando realidade: a Favela Seguros, a primeira seguradora pensada, criada e operada a partir da favela.
A F.Seguros não é apenas uma empresa — é um manifesto.
Seu time é composto majoritariamente por pessoas negras, moradores de comunidades e profissionais que conhecem de perto a realidade de quem está à margem do sistema. A Favela Seguros não quer apenas vender apólices. Ela quer devolver dignidade e protagonismo. Porque não dá para falar em proteção sem ouvir quem sempre precisou se proteger sozinho.
As ideias por trás da F.Seguros podem ser entendidas no livro “Favelismo: A revolução que vem das favelas”, também assinado por Gê Coelho. Uma obra que, através de um pensamento crítico afiado, mistura denúncia, proposta e esperança. E que deveria estar na cabeceira de todos os líderes do setor de seguros.

Essa era para ser apenas uma nota sobre o lançamento da nova sede da Mag Seguros — e do livro. Mas seria leviano encerrar esse texto sem propor uma reflexão mais profunda. O mercado de seguros precisa olhar para além de seus espelhos e seus relatórios.
É hora de abrir as portas — e os ouvidos — para quem sempre esteve fora.
De nossa parte, fica aqui o parabéns pela nova sede da Mag Seguros, o desejo de sucesso à Favela Seguros e o convite: vamos, juntos, discutir, construir e transformar. Porque aqui na Seg News, nós também acreditamos na potência da favela, nos projetos dos nossos. E nos seus corres também.
Por: Igor Sabino Moreira Sousa – Diretor de Marketing Digital da Agência Seg News e Diretor de Publicidade da EXB Agency