Em meio à disrupção digital do setor, o corretor ressurge como peça-chave na personalização de coberturas, educação do consumidor e sustentabilidade do mercado
Durante a última década, a ascensão das insurtechs, o avanço da inteligência artificial e a digitalização das jornadas de compra colocaram em xeque o papel do corretor de seguros. Diante da promessa de plataformas diretas e uma contratação fácil e sem burocracia, muitos especialistas temem o fim de uma era: a da intermediação humana.
Porém, mesmo com a sofisticação tecnológica, o consumidor não deixou de buscar orientação, curadoria e confiança. Pelo contrário – em um cenário de excesso de ofertas e complexidade contratual, o papel do corretor deixou de ser apenas comercial para se tornar consultivo, educativo e estratégico.
Estudos recentes da CNSeg mostram que mais de 60% dos clientes ainda preferem fechar contratos com apoio de um corretor, mesmo quando iniciam a jornada por canais digitais.
O motivo? A lacuna entre informação e compreensão.
Afinal, corretores vendem mais do que cobertura: vendem segurança.
Além disso, com a explosão da personalização de riscos – seja na saúde suplementar, no seguro de vida ou proteção patrimonial, por exemplo – o conhecimento técnico e a escuta ativa do corretor se tornaram insubstituíveis.
Em vez de ameaçado, esse profissional passou a ser indispensável na construção de soluções realmente adequadas ao perfil de cada cliente. Mas a sobrevivência exige reinvenção.
O corretor do passado, conhecido como “corretor pastinha” e dependente da indicação, dá lugar ao corretor do futuro: multicanal, orientado por dados, presente nas redes sociais, capacitado em diferentes ramos e posicionado como referência de confiança. Em um setor que busca sustentabilidade, inclusive frente a pressões regulatórias, mudanças demográficas e novas formas de consumo, a figura do corretor se alinha aos pilares ESG pela ótica da inclusão financeira e proteção social.
“Em um mercado onde a automação promete agilidade, as coisas se tornam um pouco tentadoras. Porém, o corretor é quem traduz complexidade em clareza, protege o cliente de decisões mal informadas e garante que a cobertura contratada faça sentido para a vida real. A tecnologia pode vender, sim. Mas é o corretor que sustenta a relação ao longo do tempo.”, afirma Leandro Giroldo, especialista em saúde suplementar há 23 anos, professor da ENS e CEO da Lemmo Corretora.
A tecnologia pode escalar o acesso, automatizar o processo e simplificar a jornada. Mas ainda é a presença humana que traduz risco em cuidado – e contrato em confiança.