COP 30: “uma grande oportunidade de construirmos políticas públicas e privadas de adaptação e gestão alinhadas com a sustentabilidade”, diz CEO da Allianz

Sob os holofotes do mundo inteiro, Belém, sede da COP 30, também recebe a Casa do Seguro, idealizada pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) com o intuito de posicionar o mercado segurador como setor fundamental na busca por soluções relacionadas à sustentabilidade e riscos climáticos. Empoderadora da Casa, a Allianz foi destaque em dois painéis realizados na quarta-feira (12), em que especialistas nacionais e internacionais abordaram o papel do segmento nas mudanças do clima e na construção de um mundo mais resiliente. As apresentações foram acompanhadas por uma plateia presencial e virtual.

Na abertura, o presidente da Allianz Seguros, Eduard Folch, ressaltou a importância da Casa do Seguro e da COP 30 para o enfrentamento dos desafios climáticos de maneira efetiva e o incentivo à reflexão da sociedade. “A Allianz foi a primeira seguradora a apoiar a Casa do Seguro, pois acreditamos que esta é uma grande oportunidade de falarmos sobre proteção financeira, estabelecermos parcerias e construirmos políticas públicas e privadas de adaptação e gestão alinhadas com a agenda sustentável”, disse.

Cidades resilientes: planejamento urbano para um clima imprevisível
O primeiro painel liderado pela Allianz mostrou como a evolução da urbanização e da industrialização levaram ao aquecimento global, um dos principais desafios climáticos do planeta. Se na década de 1960 dois terços da população mundial ainda viviam no campo, hoje 57% estão concentradas nas cidades, o equivalente a 4,6 bilhões de pessoas. No Brasil, em 12 anos, a zona rural perdeu 4,3 milhões de habitantes, enquanto as metrópoles ganharam 16,6 milhões de moradores.

Muitos países sentem os efeitos desse movimento, incluindo o Brasil. A Grande São Paulo, a região metropolitana de Campinas e a Baixada Santista somam, juntas, mais de 27 milhões de pessoas – mais que a população de Minas Gerais, que contabiliza 21 milhões de habitantes. Com cidades e megalópoles concentrando fenômenos como impermeabilização do solo, emissões de gases de efeito estufa e poucas áreas verdes, aumentam também os impactos graves de eventos climáticos extremos, que se tornam ainda mais intensos ao passo que a população cresce. Nesses casos, segundo Eduard, o seguro não é apenas indenização, mas resiliência para o futuro, prevenção, adaptação e reconstrução. “Queremos liderar a transição para um modelo de cidades e de negócios mais sustentável e, assim, ser vistos como um setor que contribui para a adaptação e a reconstrução. O nosso propósito é transformar a ciência em soluções práticas, que tragam impacto real às comunidades e aos negócios.”

A colaboração é essencial
A indústria de seguros desempenha um papel crucial na construção de resiliência, afirmou Lena Fuldauer, líder de Resiliência e Desenvolvimento de Negócios da Allianz Risk Consulting. Mas ela precisa de aliados. Segundo a keynote speaker, a construção de cidades resilientes depende da cooperação entre governos, empresas e sociedade civil, especialmente para proteger as populações mais vulneráveis a eventos extremos. “Construir resiliência não é um custo, mas um investimento em nosso futuro comum”, argumentou.

Com a rápida urbanização e a estimativa de que mais 2,5 bilhões de pessoas viverão em cidades até 2050, Lena alertou para a necessidade de repensar infraestrutura e planejamento urbano diante da “imprevisibilidade previsível” das mudanças climáticas. Ela citou exemplos como Londres, que gerencia bem inundações, mas sofre com superaquecimento no verão; e Nairóbi, no Quênia, onde oscilações entre secas extremas e enchentes afetam especialmente comunidades vulneráveis, incluindo aquelas que vivem em habitações informais. “Precisamos que as cidades evoluam e se adaptem. Soluções baseadas na natureza, integração comunitária e investimento em padrões mais elevados de resiliência e engenharia podem reduzir riscos e melhorar a qualidade de vida”, disse, destacando medidas como plantio de árvores urbanas para mitigar temperaturas, planejamento para eventos extremos e estímulo à colaboração entre comunidades e especialistas.

A executiva também enfatizou que o seguro desempenha um papel decisivo na redução dos impactos econômicos. “Em países com baixa cobertura de seguros, desastres podem custar até 2% a 4% do PIB local no longo prazo, enquanto em locais que contam com esse tipo de proteção, os impactos de longo prazo são significativamente menores.” O seguro oferece essa proteção financeira, mas seu papel vai além de pagar perdas. Ele contribui para que comunidades, clientes e o setor público compreendam o que gera risco e, com base em evidências e dados, possam reduzi-lo.

Para Lena, o setor deve evoluir de uma atuação reativa para uma atuação proativa na construção de resiliência, promovendo práticas preventivas e apoiando políticas públicas, como códigos de construção e o direcionamento do desenvolvimento urbano para fora de áreas de alto risco. Nesse contexto, ela destacou iniciativas como a plataforma GloRiA (Global Risk Assessment), uma ferramenta global da Allianz focada em seguros massificados, que em breve chegará ao Brasil, e que oferece uma avaliação individual do risco de desastres naturais para qualquer endereço.

Cenário brasileiro
Fábio Morita, diretor executivo de Automóvel, Massificados e Vida da Allianz Seguros, trouxe a perspectiva brasileira sobre as consequências das mudanças climáticas, com ênfase ao aumento de 200% na frequência desses fenômenos nos últimos anos no país. Neste cenário, a indústria de seguros trabalha para influenciar os clientes na adoção de práticas que reduzam a emissão de carbono e no incentivo a medidas que minimizem os impactos quando os eventos ocorrem. “Para isso, é fundamental conhecer profundamente o risco, algo que a Allianz faz globalmente por meio de uma histórica e robusta base de dados georreferenciados que cruzam informações relacionadas a precipitação, ventos, queimadas e outros indicadores”, pontuou.

Morita também chamou atenção para a lacuna de proteção no Brasil, exemplificada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024, em que apenas 6% dos R$ 100 bilhões em prejuízos estimados foram indenizados. “Isso mostra a urgência de ampliar a conscientização e a cobertura das soluções ofertadas pelas seguradoras”, disse. Entre as iniciativas da Allianz, o diretor citou a expansão da cobertura contra enchentes, já existente nas carteiras de Auto e Condomínio, para os seguros Residenciais; além de incentivos à instalação de painéis solares nos seguros patrimoniais e da consultoria para medidas de adaptação, como barreiras anti-enchente e bombas de recalque. No segmento automotivo, a companhia ampliou a aceitação para veículos com até 30 anos e reforçou a cobertura para carros elétricos e híbridos, acompanhada da preparação da rede de oficinas e assistência 24 horas para atender as novas demandas, como pane elétrica. “Queremos viabilizar as práticas sustentáveis e garantir proteção a todas as pessoas. Esse é o nosso compromisso com o futuro.”

“O maior e melhor investimento que podemos fazer”
Como convidado para o debate, a Allianz recebeu David White, diretor de Comunicação e Advocacy da CDRI (Coalition for Disaster Resilient Infrastructure). Ele destacou que oito em cada dez impactos de eventos extremos recaem sobre a infraestrutura urbana e que as perdas globais em infraestrutura chegam a US$ 700 a 800 bilhões por ano, o equivalente a até 14% da renda de alguns países. White lembrou que 75% da infraestrutura necessária para 2050 ainda precisa ser construída. “Temos uma oportunidade única de incorporar a resiliência desde agora, e cada dólar investido pode gerar um retorno entre US$ 7 e US$ 12”, explicou, trazendo exemplos de projetos técnicos realizados pela CDRI em países como Índia, Brasil e Sri Lanka, que já reduziram os impactos de ciclones e garantiram o acesso à água potável em áreas vulneráveis. “Esse é o maior e melhor investimento que podemos fazer, pois ele se paga ao proteger vidas, salvar economias e permitir uma recuperação mais rápida após os eventos extremos. Se pudermos construir a resiliência, faremos uma diferença enorme.”

Mudanças climáticas e o novo paradigma do seguro
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, o número de desastres naturais aumentou cinco vezes nos últimos 50 anos. No Brasil, o senso comum era de que o país estava menos exposto a catástrofes climáticas. No entanto, a natureza começou a dar sinais contrários em um curto espaço de tempo e com eventos mais severos, o que vem mudando a percepção do risco climático, inclusive nos negócios. “No estudo Allianz Risk Barometer, o tema foi apontado como a segunda principal preocupação dos empresários brasileiros, atrás apenas dos ataques cibernéticos”, lembrou Eduard Folch, durante o segundo painel da Allianz na Casa do Seguro.

Gabrielle Durisch, Chief Sustainability Officer (CSO) da Allianz Commercial e keynote speaker do debate, fez uma analogia com a pandemia para explicar a diferença de percepção dos riscos pela sociedade. “Quando experimentamos a covid-19, nós estávamos no meio dela. Fomos impactados nos negócios e nas famílias. Com os riscos do clima, não sentimos um impacto agudo ainda, mas ele está aumentando e isso torna a preparação ainda mais desafiadora”, alertou. A especialista apontou que as enchentes e as chuvas severas já indicam os efeitos da mudança climática no Brasil, destacando que a lacuna de proteção no setor de seguros é um ponto crítico. “Muitas áreas vulneráveis ainda não possuem cobertura adequada e isso agrava os impactos físicos e financeiros”, disse. Embora os riscos climáticos já façam parte da precificação e da subscrição, Gabrielle frisou que a verdadeira chave está na visão de longo prazo. “Antecipar os impactos e adaptar os modelos de negócio será essencial para proteger comunidades e empresas em um cenário de mudanças aceleradas, o que exigirá estratégias mais robustas e sustentáveis.”

A economia depende do enfrentamento à crise climática
O Brasil registrou, em 2024, o maior número de eventos climáticos extremos da última década que causaram ao menos R$ 6,7 bilhões em prejuízos para o agronegócio brasileiro, segundo a Confederação Nacional de Municípios. Com o agro representando 25% do PIB nacional, setor altamente exposto a catástrofes naturais, a mensagem é direta. “A nossa estabilidade econômica e social depende da capacidade de enfrentar a crise climática”, apontou Mauricio Masferrer, diretor executivo de Negócios Corporativos da Allianz Seguros e Managing Director da Allianz Commercial Brasil. A grande questão é ir além da transferência de risco, contribuindo para a resiliência da sociedade. Para isso, a Allianz mantém as suas soluções tradicionais, mas evolui para oferecer ferramentas que ajudem as empresas e a sociedade a mitigar os riscos e se adaptar às mudanças. “Esse compromisso se reflete na subscrição baseada em dados e tecnologia. Com imagens de satélite e análise de 15 variáveis ESG, sendo 11 ligadas à mudança climática, cada área é avaliada pela companhia com rigor. Qualquer desvio dos princípios ESG leva à recusa da proposta, pois as nossas convicções são mais fortes que qualquer negócio isolado”, garantiu Masferrer. Outro aspecto essencial, segundo o diretor, é a capacidade da companhia de gerar dados e transformar informação em estratégia. A plataforma CAReS, desenvolvida pela Allianz com a colaboração dos clientes, é um exemplo. Ao traduzir os riscos físicos em métricas financeiras e operacionais, a ferramenta avalia 12 tipos de eventos, como inundações, tempestades tropicais, granizo, incêndios florestais e ondas de calor, e fornece projeções de risco em quatro marcos temporais: hoje, 2030, 2050 e 2080.

A transição energética é outro pilar estratégico apontado pelo diretor. Globalmente e no Brasil, a Allianz atua em duas frentes. O primeiro está relacionado à engenharia de risco e subscrição especializada, que contribui para a estruturação de produtos adequados a projetos complexos e inovadores e, assim, garantindo segurança aos investidores. O segundo é o investimento direto, que combina transferência de risco com aporte financeiro para apoio a iniciativas que impulsionam a adaptação e a sustentabilidade. “Quando oferecemos suporte técnico e produtos bem estruturados, abrimos caminho para que projetos avancem com confiança. É assim que contribuímos para um futuro mais resiliente e sustentável”.

Head de Seguros do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP-FI) e convidado da Allianz, Butch Bacani ressaltou a importância dos Princípios para um Seguro Sustentável (PSI), que reúne mais de 300 organizações globais – incluindo seguradoras, resseguradoras, corretoras e autoridades reguladoras – como guia para colocar a sustentabilidade no centro das estratégias das seguradoras. “Esses princípios orientam desde a integração da sustentabilidade na estratégia e nos investimentos até o engajamento com toda a cadeia de valor e a colaboração com os governos e a sociedade civil, porque nenhuma companhia conseguirá resolver isso sozinha”, afirmou. Bacani destacou, ainda, a necessidade da responsabilização e transparência para a construção da confiança com todos os stakeholders, citando ações como o guia de gerenciamento de risco sustentável, desenvolvido em parceria com a ONU, e projetos voltados à descarbonização e seguros de natureza positiva. “Precisamos apoiar clientes na transição para uma economia de baixo carbono e criar soluções inovadoras que ajudem a preservar ecossistemas, fundamentais para reduzir riscos e mitigar desastres”, concluiu.

Sobre a Allianz Seguros
No Brasil há 120 anos, a Allianz Seguros atua em Ramos Elementares e Vida e está presente em todo o território nacional, por meio de 57 filiais, além de 45 assessorias e mais de 32 mil corretores de seguros em todo o país.

Tendo como premissa desenvolver ações de longo prazo, tanto nos seus negócios como no campo social, há mais de 30 anos um grupo de funcionários criou a ABA – Associação Beneficente dos Funcionários do Grupo Allianz. Nesse período, mais de 10 mil crianças e adolescentes da Comunidade Santa Rita (zona Leste de São Paulo) foram atendidos pela ABA, por meio de atividades complementares à educação formal, como artes, esportes e inclusão digital.
A seguradora nomeia o Allianz Parque, a arena multiuso mais moderna do país. Desde sua inauguração, em novembro de 2014, já recebeu mais de 11 milhões de pessoas.

Foto: Da esquerda para a direita: Mauricio Masferrer, Gabrielle Durisch, Eduard Folch, Lena Fuldauer e Fábio Morita
na Casa do Seguro, em Belém, durante a COP 30.
Crédito: divulgação

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