Um grave acidente registrado no início de setembro, na Rota do Sol, em Garibaldi, expôs novamente a vulnerabilidade nas estradas gaúchas e os riscos associados ao transporte de cargas sem o devido cuidado. Um Citröen Cactus com placas de Holambra (SP) foi atingido por uma chapa de alumínio que se desprendeu de um caminhão Mercedes-Benz, com placas de Caxias do Sul, nas proximidades do trevo de Tamandaré, no km 105 da RS-453. O impacto deixou um homem e uma mulher feridos. Eles foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros de Garibaldi e pelo Samu. Segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), o caminhoneiro fugiu do local.
Fiscalização reforçada da ANTT
Este incidente ocorre em um momento decisivo, próximo ao anúncio de novas diretrizes pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A Resolução nº 6.068/2025 da ANTT estabelece a fiscalização ativa do cumprimento dos seguros de Responsabilidade Civil por Desaparecimento de Carga (RC-DC) e Responsabilidade Civil do Veículo (RCV) por parte de todos os transportadores registrados no Registro Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC).
Na prática, a medida busca ampliar a responsabilização em acidentes como o registrado em Garibaldi. Esses seguros já eram exigidos pelo Marco Legal do Transporte Rodoviário de Cargas (Lei nº 14.599/2023), mas a novidade é o papel fiscalizador da ANTT. Até então, apenas o RCTR-C (Responsabilidade Civil do Transportador Rodoviário de Carga) era objeto de monitoramento direto.
Especialistas pedem rigor
Para Ana Karine Gidi, COO do Grupo Fetra, a resolução representa um avanço:
” Situações como a que ocorreu na Rota do Sol demonstram a necessidade do seguro RCV, que cobre danos materiais e pessoais causados a terceiros em razão do veículo transportador e das mercadorias. A fiscalização ativa da ANTT pode reduzir a inadimplência e garantir que as vítimas tenham respaldo mais ágil”.
Ana Karine também destaca que a adesão plena ao RCV precisa ser vista como investimento, não como custo. “O transportador que negligencia a contratação de seguros coloca em risco não apenas sua operação, mas vidas. O setor já enfrenta margens apertadas, mas é preciso compreender que a responsabilidade civil é parte da atividade”.
Debate sobre prevenção
A ocorrência reforça ainda a necessidade de fiscalização quanto ao acondicionamento da carga. Segundo especialistas em logística, falhas na fixação de materiais metálicos, a exemplo de chapas de alumínio, ampliam o risco de acidentes graves.
Enquanto as investigações sobre o acidente continuam com a PRE, a expectativa é que as novas ações contribuam na prevenção de episódios semelhantes e tragam segurança tanto para motoristas quanto para os passageiros que compartilham as estradas com os veículos de carga pesada.