(*) Por Talita Ferrari, Diretora Comercial da Wiz Corporate e Especialista em Agro
Assumir um compromisso com práticas sustentáveis é uma preocupação que está na agenda das empresas por diversas razões, que vão dos valores e da cultura de cada companhia até a necessidade de dar uma resposta ao mercado – já que tanto consumidores como investidores hoje cobram esse posicionamento.
Mas esse esforço também traz reflexos positivos na hora de contratar seguros. As empresas que possuem uma agenda ESG consistente, com práticas que trazem impacto positivo à sociedade, tendem a se expor menos a riscos ambientais. E isso é levado em conta pelas seguradoras no momento da precificação de um seguro.
Uma ferramenta importante nesse sentido, já que pode trazer uma melhoria dos indicadores ESG da empresa, é o mercado de créditos de carbono (CC). Trata-se de uma abordagem inovadora no combate contra as mudanças climáticas por meio de metas estabelecidas.
As empresas que conseguem adequar suas emissões a essas metas recebem créditos de carbono, que podem ser negociados no mercado. Uma empresa pode gerar receitas vendendo créditos excedentes, o que se transforma em uma contrapartida econômica ao seu empenho em poluir menos. Ao mesmo tempo, uma empresa que extrapolar a meta pode comprar créditos para compensar suas emissões.
É um mercado que cresce em todo o mundo. Um estudo da consultoria anglo-americana Refinitiv apurou que, de 2022 para 2023, o mercado teve um crescimento de 164%, chegando a US$ 851 bilhões, e a projeção é de que a demanda global por créditos de carbono cresça 15 vezes até 2030.
Os recursos gerados pela venda de créditos de carbono podem ser reinvestidos em projetos sustentáveis, criando um ciclo de financiamento para iniciativas ambientais. Empresas que participam do mercado de crédito de carbono expressam um compromisso com a sustentabilidade, o que melhora sua reputação e sua imagem corporativa e as torna mais atrativas para investidores atentos à agenda ESG.
Dentro do mercado de seguros, a utilização desses créditos e o envolvimento da empresa com práticas sustentáveis também são bem vistos. Os benefícios práticos que isso pode trazer no momento da contratação de um seguro variam de acordo com as políticas e práticas específicas de cada seguradora.
Mas, na medida em que possuir créditos de carbono expressa um comprometimento com o meio ambiente, esse tende a ser um fator positivo na avaliação de risco, resultando em prêmios de seguro mais baixos.
A apólice do seguro pode utilizar créditos de carbono como indicadores de sustentabilidade. Esses créditos são uma representação quantificável da redução de emissões de carbono ou do sequestro de carbono em projetos ambientais. Ao incorporar esses créditos como indicadores de sustentabilidade, o seguro cria um vínculo direto entre as práticas ambientais positivas (por exemplo, a preservação da Mata Atlântica) e a cobertura do seguro.
Esses indicadores de sustentabilidade, tais como créditos de carbono, são utilizados para financiar o pagamento do prêmio do seguro. Em outras palavras, ao adotar práticas sustentáveis e contribuir para a preservação do meio ambiente, os produtores podem gerar créditos de carbono que, por sua vez, ajudam a custear o prêmio do seguro. Essa abordagem cria um incentivo financeiro para a adoção de práticas ambientalmente responsáveis.
Uma consultoria especializada tem recursos para negociar com as seguradoras durante o processo de cotação, garantindo termos personalizados, com a possibilidade de descontos, redução de taxas e coberturas mais favoráveis.
Algumas seguradoras podem permitir que os clientes usem diretamente os créditos de carbono para compensar parte ou a totalidade do custo das apólices. Outras podem oferecer programas de incentivo para clientes que adotam práticas sustentáveis, com descontos e benefícios.
Enfim, são diversas as oportunidades que podem ser exploradas. A escolha de uma corretora especializada proporcionará uma compreensão mais profunda das opções disponíveis e das práticas aceitas no setor.
*Texto publicado no site da União Nacional da Bioenergia (UDOP) no dia 04/03/2024
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