(*) Por Rogério Gonçalves (Instagram: @rogergoncalves.coach)
A diversidade é um conceito fundamental que permeia sociedades e organizações, influenciando dinâmicas culturais, econômicas e sociais. Este artigo explora a essência desse processo, destacando sua importância na construção de comunidades equitativas e inovadoras.
O QUE É DIVERSIDADE?
Diversidade, em seu sentido mais amplo, refere-se à presença e à aceitação de uma ampla variedade de elementos, características e perspectivas em um determinado contexto. Essa abrangência pode incluir diferenças visíveis, como raça, gênero, idade, origem étnica, orientação sexual e habilidades físicas, bem como diferenças invisíveis, como experiências de vida, formação educacional e pensamento. Esse conceito reconhece que os seres humanos são únicos e complexos, cada um contribuindo com uma combinação única de identidades e experiências para o todo.
Mas como estabelecer relações de confiança no trabalho? Descubra agora quais são os principais pilares do processo!
Em sociedades, organizações e comunidades, ela é valorizada não apenas como um fator de enriquecimento cultural, mas também como um catalisador para a inovação e a eficácia. Esse ideal implica tanto em diminuir a desigualdade social e a insegurança alimentar, por exemplo, mas também implica numa integração cultural.
A DIVERSIDADE ESTÁ EM TODOS OS ESPAÇOS?
O Brasil é um país miscigenado com costumes, hábitos, culinária e crenças diversas que atestam a riqueza do povo. Entretanto, a diversidade da cultura brasileira também evidencia o que há de pior no ser humano, sentimentos baseados na falta de empatia e compreensão, mazelas sociais, elitismo e preconceito.
Grande parcela da população desconhece os elementos culturais que integram as vivências de um povo. Essa falta de conhecimento inibe a ressignificação da diversidade como um fator que agrega valor, e não como mais uma forma de apartar pessoas do convívio coletivo.
Na Antropologia, alguns pensadores já tentaram formular teorias para justificar o injustificável: a elevação de alguns povos, classificados como superiores, em detrimento de etnias consideradas inferiores em função do seu fenótipo ou de suas manifestações culturais.
A subjugação pela qualidade de estar fora do “comum” foi explicada, por exemplo, pelo darwinismo social, teoria combatida posteriormente pelo estruturalismo de Claude Lévi-Strauss.
Felizmente, hoje a multiplicidade é mais evidente do que antes. Diferentes etnias ocupam lugares que em um contexto histórico seria impossível: em âmbito corporativo e político, nos sistemas de comunicação e afins.
Entretanto, essa presença é insignificante se compararmos à situação ideal e, por isso, precisamos ressaltar diariamente a importância da diversidade em nossa sociedade.
A IMPORTÂNCIA DA DIVERSIDADE
Como dito, anteriormente, a diversidade vem em muitas formas: raça, religião, orientação sexual, idade, cultura, origem socioeconômica, gênero etc. Tudo isso contribui para a experiência única do indivíduo no mundo. Lhe ofereço o convite de dar um passo para trás e examinar a presença da diversidade em sua própria vida. Quão diversificado é seu Grupo de amigos?
Familiares? Os autores que lê? Os músicos que escuta? Os parceiros com os quais se relaciona? Os funcionários que contrata? A sua vizinhança? Colega de trabalho? Experimentar a diversidade em nossa vida diária, significa ter uma exposição a práticas diferentes das nossas, pessoas, culturas e tradições. Podemos aprender novos conceitos e habilidades com os quais não estamos familiarizados e obter uma visão mais ampla de tudo.
Com isso, não apenas aumentamos nossa compreensão do mundo, mas também, aumentamos nosso desenvolvimento social. Isso irá nos preparar para fazer parte de uma sociedade global, esteja trabalhando com diversos colegas de trabalho, conhecendo novas pessoas, resolvendo problemas ou mesmo viajando para um novo país.
Experimentando a diversidade melhoramos a nossa empatia, pois ouvir sobre a experiência de outra pessoa pode fornecer uma nova perspectiva e esclarecer uma vida diferente. Quando comparamos nossas prioridades, valores e lutas, podemos começar a compreender de onde vem um indivíduo e compreender seus comportamentos e ações.
Talvez até mesmo mudando nossas prioridades e mentalidade, ou pelo menos fazendo que entendamos as dificuldades e motivações de outra pessoa. Times de trabalho diversificados também têm uma visão mais empática e abrangente dos fatos e um poder de inovação maior que qualquer outro. Quando colocamos juntas, num mesmo propósito, pessoas de diferentes classes sociais, visões de mundo, gênero, cultura e vivências, aumentamos exponencialmente a chance de um projeto ser bem-sucedido.
É justamente na interseção entre propósito comum e divergências que o melhor acontece. Reunir pessoas de várias origens com diferentes experiências de vida pode gerar ideias ou perspectivas que os outros podem nunca ter considerado ou ter conhecimento. Todos têm seu próprio modo de ver um problema, moldado pelas experiências individuais que tiveram.
Ao abordar um problema, não seria melhor ter várias abordagens e interpretações, em vez de todos contribuírem com as mesmas conclusões e pensamentos? Diversidade é o que há de mais bonito e mais especial no mundo no qual vivemos e promover a diversidade é o primeiro passo para não apenas a aceitação, mas para a tolerância.
Através da exposição, comunicação e contato crescente entre novas pessoas com ideias únicas, podemos perceber que temos mais em comum do que imaginávamos. Ou ainda podemos ser totalmente diferentes, e está tudo bem também! Aumentar a familiaridade com essas diferenças pode facilitar a aceitação, diminuir os equívocos e preconceitos e alterar as perspectivas.
DIVERSIDADE NAS EMPRESAS
As empresas têm papel fundamental para a construção de um mundo mais igualitário. Nesse sentido, cabe a toda organização trabalhar em prol da diminuição da desigualdade de gênero, do preconceito quanto a orientação sexual, racismo, entre outros.
Começamos a falar de diversidade quando a organização garante equipes com:
– Condições sociais, de gênero e físicas distintas;
– Diferentes orientações ideológicas e histórias de vida.
Falar de diversidade no ambiente de trabalho significa abrir uma porta para um universo vasto de possibilidades de desenvolvimento e conhecimentos. Ao lidar com uma equipe diversa, a empresa ganha a possibilidade de desenvolver seus produtos e serviços alinhados com o que o consumidor quer.
Assim, ter uma visão diferenciada sobre o mesmo negócio faz com que a empresa dialogue muito melhor com o seu público-alvo. Além disso, uma organização preocupada com a diversidade atrai consumidores e profissionais qualificados.
Hoje, consumidores e profissionais estão cada vez mais exigentes com o olhar das empresas e seus posicionamentos sobre grupos minoritários. Nesse sentido, as novas gerações (especialmente quem nasceu na virada do milênio) estão interessadas em trabalhar em locais preocupados com a sociedade, o meio ambiente e que tenham propósitos para além do lucro.
E não há nada mais lucrativo para a empresa do que profissionais engajados e dedicados.
QUAL O PAPEL DO RH PARA GARANTIR MAIS DIVERSIDADE?
O departamento de Recursos Humanos pode trabalhar de várias maneiras para integrar a diversidade em uma organização. Na verdade, essa cultura começa na construção da força de trabalho da empresa e deve ser implementada desde o processo de recrutamento e seleção.
No entanto, muitos processos seletivos ainda buscam manter um determinado padrão, analisando fatores como religião, etnia e orientação sexual dos candidatos. Portanto, é preciso romper com esse tipo de seletividade e ampliar as vagas de trabalho para pessoas com características diversas.
As diferenças devem ser resolvidas por todos na empresa, e o RH pode ajudar nessa intervenção. Além disso, também é necessário promover a comunicação e o diálogo, para que haja troca de conhecimentos e integração. É imprescindível que os gestores estejam dispostos a ouvir os funcionários, permitindo feedbacks e aceitando sugestões de melhorias.
Além disso, a comunicação entre colegas e o trabalho em equipe devem ser incentivados. Dessa forma, o RH pode ajudar a conciliar as relações e promover o respeito, a aceitação e sua atuação se dará desde a contratação até a retenção dos colaboradores e processos internos, como treinamentos e atividades do dia a dia.
A seguir, veja algumas dicas práticas
Incentive a diversidade em todos os níveis: Não basta promover apenas processos de recrutamento e seleção mais variados. Essa ideia deve estar presente em todos os níveis: desde os básicos até os superiores.
Ofereça treinamento em diversidade: O treinamento ajuda os funcionários e até os gestores a perceber o quão positivo pode ser uma variedade de perfis na empresa. Isso ajuda a tornar o ambiente mais acolhedor.
Recrute em uma área mais ampla: É extremamente necessário que haja uma expansão das suas áreas de divulgação das vagas quando for preciso conduzir um processo de recrutamento, ajudando a atrair um público mais diversificado. Essa extensão pode ocorrer de várias maneiras, por exemplo, usando sites ou publicidade em uma área geográfica maior.
Para integrar a diversidade, cada empresa deve ser autêntica. Por isso, não adianta ficar procurando apenas por números: é preciso considerar a maneira como as pessoas são tratadas e, assim, buscar a melhor forma de promover o respeito e a aceitação naquele ambiente.
Em resumo, precisamos criar ambientes mais diversos, com essa temática no centro das discussões.
Com isso, os mais diferentes públicos podem se engajar e passar a enxergar as desigualdades que ainda existem levantando diversos questionamentos, como quantas pessoas negras estão naquela empresa, se aquele é um local acolhedor para a população LGBTQIAP+ ou se mulheres e homens são tratados da mesma forma.
Outra forma de trabalhar a diversidade é pensando em como melhorar os processos seletivos nas empresas, lançando programas específicos para minorias e abordando estratégias de diversidade no dia a dia da organização, com palestras e treinamentos, por exemplo.
Além disso, esse assunto também pode ser tratado na infância em sala de aula, com atividades adequadas à faixa etária e ao contexto da escola.
Um exemplo é trazer figuras que destaquem a questão trabalhada em aula, como contando experiência de vida de pessoas negras, formação educacional de pessoas de diversas idades e os pensamentos de pessoas com diversas orientações sexuais.
Só assim será possível conviver com a diversidade, e criar uma cultura em que o respeito das diferenças faça parte da rotina do brasileiro, valorizando essas diferenças e a compreensão do nosso modo de ser e das pessoas ao nosso redor.
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