Liderança Remota: As Regras para ser um Excelente Líder

(*) Por Rogério Gonçalves – Instagram: @rogergoncalves.coach

A liderança remota é a habilidade necessária para coordenar equipes e motivar pessoas para baterem metas mesmo trabalhando remotamente, sem contato presencial. Durante a pandemia do coronavírus em 2020, muitas empresas adotaram o modelo de home office para pelo menos parte de suas equipes e com isso houve um novo desafio: como organizar a equipe em um trabalho a distância? Então pensei em trabalhar os conceitos abordados pelos autores Kevin Eikenberry e Wayne Turmel no livro: “O Líder de Longa Distância” onde abordam as regras para dominar a liderança remota.

Então se você deseja melhorar a sua habilidade de liderança remota para gerir seus times mesmo que não esteja presente fisicamente na empresa, acompanhe os passos deste artigo.

O QUE É LIDERANÇA REMOTA?

Além de ser uma habilidade, como foi dito anteriormente, a liderança remota também se classifica como um modelo de gestão de pessoas, do mesmo modo que a liderança comum. A diferença principal entre as duas é que a remota é adaptada para a gestão de jornadas de trabalho home office ou híbridas, ou seja, as ações e os conceitos postos em prática pelo líder não mudam, porém, são realocadas e adaptadas a um novo contexto.

Afinal, como dizem os autores Eikenberry e Turmel em O Líder de Longa Distância – livro a ser explorado nesse artigo, “Liderar remotamente uma equipe é, antes de tudo, liderança, e os princípios de liderança não mudaram; são princípios.”

Com a pandemia da Covid-19, jornadas híbridas e home office foram sendo – e ainda são – cada vez mais adotados pelas empresas, e, como consequência disso, saber exercer a liderança remota se torna uma necessidade urgente.

LIDERANÇA REMOTA: ENTENDENDO O ATUAL CENÁRIO

Antes da eclosão do novo coronavírus, a maioria das empresas brasileiras operava segundo o regime presencial. De acordo com o portal Uol, 51% das empresas do nosso país não tinha nenhum setor operando em home office, nem mesmo de forma parcial. O surgimento da Covid-19 chegou para acelerar a mudança e causar uma revolução nos antigos moldes de trabalho.

E o resultado não poderia ser mais surpreendente. Um estudo do Fórum Econômico Mundial mostrou que 98% dos respondentes gostariam de continuar trabalhando remotamente pelo resto de suas carreiras, ao menos parte do tempo. Para as lideranças, a percepção não é muito diferente. Após o choque inicial da mudança, a ISE Business School verificou que 80% dos gestores disseram gostar da nova forma de trabalho.

Desse grupo, 60% dos executivos afirmam que a liderança remota contribui para melhorar sua eficiência e produtividade. A pesquisa ainda apontou que, para o público entrevistado, a flexibilidade foi apontada como uma das competências mais desenvolvidas neste período, citada por 81% dos entrevistados. A resiliência, ou capacidade de superar dificuldades, ocupou o primeiro lugar no ranking, sendo mencionada por 82% dos respondentes.

Outras características citadas foram a autodisciplina e a confiança, além da construção de uma relação mais honesta entre chefes e equipes remotas.

Dica de leitura: “O que é autogestão: definição, importância e 5 dicas de como implementar esse modelo de gestão”

A LIDERANÇA REMOTA EM TEMPOS DE PANDEMIA

Muito mais que um jogo de palavras, a frase de efeito de Eikenberry e Turmel leva a uma reflexão importante: o papel primordial do líder não muda em função do contexto em que sua liderança é exercida. É claro que a distância física impõe uma série de novos desafios, o que torna o papel desses gestores ainda mais imprescindível.

Não à toa, 60% dos executivos consideram as práticas de liderança remota fundamentais para a melhora da produtividade e da eficiência nas empresas durante as rotinas de teletrabalho, segundo a pesquisa “É Possível Conciliar Home Com o Office” da ISE Business School.

O PAPEL DOS LÍDERES EM MEIO A MUDANÇAS DOS MEIOS DE TRABALHO

Quem acredita que a importância dos líderes está dando lugar a habilidades como a autogestão de cada colaborador, por exemplo, está enganado. A competência da própria equipe em gerir melhor seu tempo, elencar as reais prioridades e organizar a rotina produtiva é, de fato, fundamental no contexto atual, mas isso não diminui o papel das lideranças.

Cabe a esses profissionais garantir, por exemplo, a manutenção da cultura organizacional da empresa, mesmo com a equipe à distância. A missão e os valores não podem se perder por uma questão geográfica. Para dar conta de cumprir esse objetivo, Jason Wingard, uma das principais referências no desenvolvimento de liderança, aprendizagem profissional e gestão de capital humano, reforçou a importância dos “3C‘s”: clareza, comunicação e conexão.

Segundo ele, essas são as principais variáveis que definem o papel das lideranças remotas.
Clareza

Os limites, assim como as metas, precisam estar muito bem definidos e alinhados para que não haja nenhuma quebra de expectativa, tanto de um lado quanto de outro. Além disso, cabe aos líderes definir e apresentar novas métricas de avaliação, uma vez que não é mais possível analisar desempenho por carga horária de trabalho, por exemplo.

Comunicação

O contato entre as lideranças e suas equipes no teletrabalho deve ser ainda mais próximo. Não apenas para fins documentais e agendamento de reuniões, mas também para passar e receber feedbacks. Esse tipo de comunicação costuma dar resultado. Segundo estudo da Harvard Business Review, 46% dos colaboradores remotos avaliaram de forma positiva aqueles supervisores que estão constantemente trocando mensagens e interagindo.

Conexão

Talvez esse seja o ponto mais importante da nova rotina: garantir que o colaborador entenda que não está sozinho e desamparado, mesmo trabalhando sozinho, a partir de sua própria casa. Investir em videochamadas pode ser uma ótima solução para diminuir a sensação de distância física e afetiva, como sugere pesquisa recente do Google.

QUAIS SÃO AS DIFICULDADES DA LIDERANÇA REMOTA?

O primeiro passo para liderar com sucesso é entender quais são os desafios e limitações que a distância propiciou. A liderança remota precisa identificar essas dificuldades para que táticas sejam criadas a partir delas.

Entre os obstáculos mais comuns que a liderança remota pode encontrar estão:
Acompanhar a produtividade dos funcionários – Alguns funcionários podem trabalhar demais e outros não o suficiente. Como resultado, muitos líderes de negócios estão lutando para encontrar maneiras de dar autonomia ao funcionário e fazer um acompanhamento.

Desmotivação da equipe – Pela ausência de uma liderança que engaje seus funcionários constantemente e a ausência de reconhecimento.

Distanciamento entre funcionário e empresa – A falta de suporte e acompanhamento das atividades e processos é um dos problemas mais críticos enfrentados pelos funcionários remotos.

Falha na comunicação – Ao gerenciar equipes remotas, a confiança e a construção de um relacionamento podem ser enfraquecidos ou até mesmo não desenvolvidos.

Problemas com a resolução de conflitos – Quando ocorre um conflito em espaço online, as coisas ficam um pouco opacas, diferentemente do presencial, no qual é visivelmente percebido.

COMO SER UM BOM LÍDER REMOTO?

Quer desenvolver competências para a liderança remota, mas não sabe por onde começar? As dicas a seguir podem ser muito úteis nesse sentido. Acompanhe!

Domine as tecnologias

O primeiro passo para ser um bom líder remoto é dominar as tecnologias com as quais você irá trabalhar. O ideal é que a empresa ofereça uma infraestrutura tecnológica adequada, com ferramentas de comunicação específicas, plataformas colaborativas e softwares para gestão de tarefas, por exemplo.

Com esses recursos, será mais fácil centralizar a comunicação e mediar as tarefas da equipe. Então, é importante que você seja um usuário avançado em todas as plataformas utilizadas e saiba explorar as funcionalidades ao seu favor.

Encoraje o diálogo

A falta de comunicação é um problema frequente no trabalho remoto que pode ser resolvido com a iniciativa do líder.

Se você tiver uma plataforma de comunicação que permite criar canais e salas de chat, melhor ainda.
Senão, aposte em grupos no WhatsApp e encoraje o diálogo contínuo entre as pessoas.

Essas conversas são importantes para manter todos focados no trabalho e também para aliviar a sensação de solidão e aumentar o engajamento.

Deixe os objetivos e metas claros

Antes de tudo, é importante deixar claro para a equipe quais serão os objetivos e metas da área. Cada colaborador deve estar plenamente ciente de suas responsabilidades e das expectativas em relação ao trabalho remoto.

Um problema muito comum no home office é a falta de clareza a respeito das metas por conta de conversas paralelas. Você pode até conversar com cada colaborador sobre suas atribuições por mensagens privadas, mas primeiro deve falar sobre as metas da equipe em uma conversa em grupo, para que todos fiquem na mesma página.

Dê mais autonomia à equipe

O trabalho remoto é uma boa oportunidade para dar mais autonomia aos colaboradores e deixar que liderem projetos e tarefas. Como líder, você deve definir metas, expectativas e prazos, mas pode deixar que os profissionais decidam qual a melhor forma de atingir os objetivos.

Com o trabalho à distância, fica mais fácil delegar tarefas e acompanhar os resultados na sua tela.
Dê apoio e feedback

Os colaboradores em home office precisam sentir que o líder se importa com seu trabalho e está sempre disponível para ajudar. Por isso, é fundamental dar feedbacks construtivos para a equipe para reforçar o bom desempenho e corrigir eventuais erros.

Você também precisa mostrar que está interessado no desenvolvimento profissional dos colaboradores e quer contribuir com a evolução de todos. E lembre-se: pratique a escuta ativa e leve as opiniões das pessoas em consideração.

Seja flexível

O trabalho em home office requer certa flexibilidade do líder, pois cada colaborador tem condições específicas em casa.

Quem tem filhos, por exemplo, pode precisar de horários mais livres para organizar a rotina de trabalho em casa.

Logo, cabe ao líder remoto se adaptar à realidade de cada colaborador e garantir que a produtividade continue em alta.

Respeite o horário de trabalho

Para manter o engajamento da equipe, é importante que o líder remoto respeite o horário de trabalho acordado e não espere que os colaboradores estejam disponíveis o tempo todo. Um erro muito comum dos gestores é fazer solicitações fora do horário de trabalho, supondo que por estar em casa o profissional deva atendê-lo.

Isso apenas prejudica o andamento do trabalho e desmotiva os profissionais.

CONCLUSÃO

Liderar remotamente requer um esforço maior para a construção de relacionamentos saudáveis. Entretanto, com empatia e entendimento do perfil dos liderados ficará mais fácil ter bons resultados com a atividade.

Então, algumas dicas são:

  • seja aberto e franco com a equipe;
  • crie oportunidades para a equipe interagir de forma saudável;
  • ouça atentamente as suas demandas, sugestões e reclamações;
  • ofereça recompensas; e
  • dê feedbacks honestos e construtivos.


Vimos que a liderança é fundamental para o resultado positivo dos liderados que operam a distância. Ela é importante para a comunicação ser clara e efetiva, o trabalho ser organizado e a fim de construir um time forte.

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Rogério Gonçalves
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